Advaita, Zen, Dzogchen e Taoísmo

Estas são ‘verdadeiras’ tradições de Não-dualidade – com uma mensagem não-dual mais consistente, e formando a parte central do ensinamento. Há pouco ou nenhum foco em questões metafísicas, mas baseado na busca do auto-conhecimento – Quem sou eu?

Não-Dualidade Sosan

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Advaita é uma tradição não-dual da Índia, com Advaita Vedanta, um ramo do hinduísmo, como sua base filosófica. Advaita Vedanta, por sua vez, é uma filosofia baseada em Escritura, e é centrado na proposição que Brahman – a Suprema Realidade Absoluta – e o Eu verdadeiro (Atman) são idênticos. Essa identidade é entendida como uma consciência sem objeto, ou seja consciência não-dualista. O raciocino – em apoio do conceito, que a consciência não-dual é a única realidade – tem sido desenvolvido em centenas de textos por Advaitins clássicos e modernos desde Gaudapada (aprox. 600 A.D.) e Adi Shankara (aprox. 700 A.D.). Estes textos são, muitas vezes, comentários de Upanishads e outras Escrituras primárias. Os Upanishads são encontrados, principalmente, nas seções finais dos Vedas, que são também chamados de Vedanta (anta – sânscrito = final; Vedanta = culminação ou essência dos Vedas). Acredita-se que estes datam até 6000 A.C. como uma tradição oral, e, por volta de 1500 A.C., em forma escrita.

O cisne é um tema importante no Advaita. Ele simboliza duas coisas: Primeiro, o cisne é chamado hamsah em sânscrito (que se torna ‘hamso’, se a primeira letra da palavra seguinte é ‘h’). Após repetir esse hamso indefinidamente, torna-se ‘soham‘, o que significa: “Eu sou Isso”. Em segundo lugar, assim como um cisne vive na água, mas as penas não são sujas pela água, da mesma forma, um  Advaitin liberado vive neste mundo cheio de maya, mas é intocado pela sua ilusão.

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Como outras escolas no Budismo Mahayana, Zen afirma que todos os seres sencientes têm a natureza de Buda – a natureza universal da sabedoria transcendente – e enfatiza que a natureza de Buda não é nada diferente da natureza essencial da própria mente. O objetivo da prática Zen é descobrir essa natureza de Buda dentro de cada pessoa.

Zen, enfatiza sabedoria experiencial na realização da iluminação. Como tal, Zen, desenfatiza o conhecimento teórico em favor da realização direta através da meditação e prática do Dharma.

No ensino do Soto Zen é dito que: “Tudo é Um e Tudo é Diferente”. Esta abordagem de não-dualidade não reconhece um dualismo entre Unicidade e Diferença, ou mesmo entre a dualidade e não-dualidade.

Um discípulo perguntou: “Qual é a diferença entre o iluminado e o homem ignorante?” O Mestre respondeu: “O homem ignorante vê uma diferença, mas o homem iluminado não.”

Não-Dualidade Zen Budismo

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De acordo com o budismo tibetano e Bön, Dzogchen  é o estado natural primordial, ou condição natural da mente.

Dzogchen ou “Grande Perfeição” enfatiza experiência direta. É um ensinamento central da escola Nyingma, mas também praticada por adeptos de outras seitas do budismo tibetano. Por estas escolas é considerado o caminho mais elevado e mais definitivo para a iluminação. Segundo a perspectiva de Dzogchen, a natureza final de todos os seres senescentes é considerado consciência pura, abrangente, primordial, atemporal, e naturalmente manifestada. Esta “consciência intrínseca” não tem forma própria, porém ainda é capaz de perceber, experimentar, refletir ou expressar todas as formas. Faz assim sem estar afetada por essas formas de qualquer maneira final ou permanente. Esta consciência pura é o que no Dzogchen está referido como Rigpa.

A analogia dada pelos mestres de Dzogchen é que a nossa natureza é como um espelho que reflete com toda abertura, mas não está afetado pelos reflexos; Ou como uma bola de cristal que assume a cor do material em que está colocado, sem que o cristal seja alterado de verdade. Tendo distinguido rigpa da mente, não estamos mais distraídos pela mente, ou seja, não deixamos os pensamentos nos liderar. Isso permite que os pensamentos se auto-liberam naturalmente – sem evitar nada.

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A palavra “Tao” não tem tradução exata, mas se relaciona mais precisamente com a idéia ocidental de Totalidade, ou a Unidade incognoscível do Divino. Quando usado pelos filósofos taoístas, o Tao se tornou ‘o Caminho’, ‘the path’, ou lei cósmica, que dirige o desdobramento de cada aspecto do Universo. Assim, o Tao é a sabedoria manifesta do Divino – na natureza, assim como na vida individual.

Lao Tse’s ‘Tao Te Ching’ é considerado um texto arquetípico não-dualista, e a partir dessa perspectiva, o termo ‘Tao’ poderia ser interpretado como um nome para a Realidade Final (qual, como o Tao Te Ching observa, não é a Realidade em si!).

O ‘Wu Wei’ do taoísmo (chinês wu = não; wei = fazer) é um termo com várias traduções e interpretações (por exemplo: inação; não-ação) projetadas para distingui-lo de passividade. Do ponto de vista não-dual, refere-se à atividade que implica a ausência de um “eu” (ou seja, ausência de uma entidade limitada que está separada da realidade).

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